sábado, outubro 07, 2006

Borda d' Água

Obrigado aos muitos visitantes que publicaram comentários, ou me escreveram directamente, esclarecendo-me que o Borda d' Água continua a exercer a sua função social.
E também aos que me lembraram a existência do outro almanaque, de funções idênticas, o"Seringador", que optou o tom jocoso, e concorre no vasto mercado que parece existir.
Segundo me informam, o Borda d' Água para 2006 atingiu uma venda de mais 350 mil exemplares. E ainda há quem diga que a indústria da edição de livros em Portugal está muito por baixo...

Não, não me mandem nenhum exemplar. Agradeço aos amigos visitantes que se ofereceram gentilmente para isso, mas a verdade é que tenho, nos meus arquivos um exemplar de cada um, Borda d' Água e Seringador, e já me chega.

Assim como assim, não me seriam muito úteis aqui. Comprei-os, como complemento das minhas investigações sobre os usos e costumes dos cripto-judeus portugueses contemporâneos. Como eles não tinham calendários judaicos, que, já disse, são lunares, começando os meses na lua nova, a única forma de determinarem as datas das principais festas religiosas era contar o número de dias a partir da lua nova, e então sabiam quando era o dia 14 de Nissan ou o 10 de Tishri.
Quando eu os conheci, em 1963, eles já não precisavam de observar a lua. Sabiam a data da lua nova, com bastante antecedência, através do que eles chamavam os "reportórios", e está certo, pois também esse nome é usado para designar os almanaques.
A propósito, "al-manak" significa em árabe simplesmente "calendário".

A primeira publicação impressa desse género, que apareceu em Portugal com a intenção de ser regular foi em 1811, na Imprensa Régia de Lisboa, e trazia um nome muito comprido, que começava por "Lunário..." E era isso mesmo, como é ainda hoje, um livrinho para se saber das luas, que tanto influenciam a agricultura.
Mas havia séculos que certos astrólogos compunham umas folhinhas com as principais informações e iam pendura-las nas margens dos rios navegáveis, para que os barqueiros, ao passarem por ali, recebessem informações frescas.
É isso que significa o "velho da cartola", na capa do almanaque. É um astrólogo que leva as folhinhas de baixo do braço, para as ir pendurar à "Borda d' Água".
A segunda publicação do Lunário já trazia o subtítulo "Borda d' Água".
A actual publicação do "Verdadeiro Borda d' Água" (pois imitações já houve muitas, como para os deliciosos "Verdadeiros Pasteis de Nata de Belém" e outras mais verdades, ou "verdadades" que por aí circulam) já ultrapassou os 140 anos e continua a prestar bons serviços a muita gente.
Sem desprimor para o "Seringador", jocoso por intenção, que surgiu mais ou menos pela altura desta segunda versão, para "seringar o pobre, o rico e o lavrador".

Almanaques, folhinhas, reportórios e Borda d' Águas não foram invenção portuguesa, existiram e existem em muitos países. Personagens famosos, como Benjamin Franklin, estiveram ligados a alguns, que ainda hoje são citados.

Mas eu não vos vou "seringar" mais com isto. Ficamos por aqui.

4 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Olá, sou Judeu, pois sou, os meus avós maternos eram Judeus e do meu pai também, portanto eu sou Judeu. A minha companheira só em adulta e já casada veio a saber que a avó paterna é judia, tenho uma filha com 17 anos que só pode ser Judia, cá em casa não se fala nisso, mas na nossa sala existe dois suportes de velas e um Képi preto que um Judeu Belga me ofereceu, queria colocar uma questão, os suportes são diferentes um é de oito velas e o outro de sete??

Não falo de Judeismo com ninguém, noto que ainda se torna inquietante falar no assunto.

Um abraço...

5:58 da tarde  
Blogger Inácio said...

Como bloguista amador tenho um problema.
Muitos visitantes me escrevem e fazem perguntas, portanto esperam resposta.
Mas não deixam endereço válido para eu responder. Por favor, quando pretendam resposta, deixem ficar um endereço para esse efeito.

Sobre a pergunta de Juda, quero explicar que o calendabro de 7 velas chama-se Menorá. É uma cópia do candelabro de ouro, que existia no Templo de Jerusalém, e que os romanos (Tito) levaram para Roma e está reproduzido no Arco de Tito, naquela cidade, mas o original não voltou a aparecer.
Actualmente é o símbolo oficial do Estado de Israel.

O candelabro de oito velas, chama-se Hanukiá e é utilizado durante a festa de Hanucá. No primeiro dia acende-se uma vela, no segundo dia, duas, e assim por diante.
Deve também ter lugar para uma vela adicional, com a qual se acendem as outras. Essa vela adicional chama-se Shamash.

Inácio

7:23 da tarde  
Blogger Portas e Travessas.sa said...

Tambem acontece, que os meus avós paternos são de origem judia...foi atravez da internet depois de algumas pesquisas cheguei a essa conclusão - curiosamente, a minha querida avó paterna (Lopes Pereira) da Murtosa, era uma catolica apostolica Romana, como ela me dizia.

de resto, queria dizer ao Inacio, o seu blog é maximo, só tenho agradecer as suas lições, de um mundo complexo mas interessante.

9:05 da tarde  
Anonymous Anónimo said...

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4:40 da manhã  

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